A Arte (e o trabalho) das Cervejas Artesanais

Curso de Cerveja Artesanal - Londrina/Setembro 2009

Cerveja e ainda artesanal! Mesmo com o meu “sério problema” orgânico ao álcool quero aprender o que posso sobre gastronomia que, ao meu ver, vai mais além do que comida.

Depois de ponderar um pouco resolvi fazer o curso de cervejas artesanais que aconteceu na cidade. É difícil ter cursos aqui com esse apelo mais “gourmet”, então, não podia deixar a oportunidade passar.

Na minha deturpada concepção pensava que criar fermento natural fosse trabalhoso por mais simples que seja. Depois do curso percebi que cerveja artesanal é absurdamente simples, porém o que tem de simplicidade tem de trabalhoso. Além de demandar um tempo interessante.

Não me entenda errado! Dar trabalho não significa que seja ruim, se for para analisar muitas receitas na cozinha são assim e a gente adora, não?

Sem falar no fato de ser uma mistura de aula de química com biologia!

Controle de temperatura, filtragem, incubar microorganismo… ou seja, quem for rato de laboratório vai encontrar um prato cheio com várias nuances.

Infelizmente no país não existe muito a cultura do “homebrewing” que é altamente difundida nos Estados Unidos e na Europa. Nas bandas de lá o pessoal dessa comunidade encontra lojas especializadas na oferta de produtos e equipamentos para este hobby.

Mesmo com certos obstáculos, ainda assim, é possível fazer cerveja em casa aqui no Brasil. E parece que o numero de entusiastas tende a aumentar por causa das várias Acervas (Associação de Cervejeiros Artesanais) espalhadas em terras brasilis.

A essência que consigo tirar da aula (e é o que o professor também transmitiu), o processo todo é praticamente a parte mais divertida de tudo. Não que beber o produto final não seja, mas é apenas uma detalhe do todo. Para mim, esse mesmo sentimento consigo extrapolar para o meu fascínio em fazer pão!

Curso de Cerveja Artesanal - Londrina/Setembro 2009 Não dizem que cerveja é pão líquido? Hahahah Mas não é por isso, explico. Gosto mais do processo de fazer pão do que comê-lo de fato. Aquelas receitas demoradas e de alta fermentação me deixam bem animado. Tudo bem que minhas habilidades em panificação não são aquelas maravilhas, mas tento ser mais persistente.

Nem preciso falar que a aula foi muito proveitosa! Ainda bem que resolvi participar, o Botto (professor-cervejeiro) sabe muito sobre o assunto, aprender com quem entende é outra coisa! Ah, fiquei besta com o malte defumado, tinha cheiro de salame/bacon! A cerveja feita durante a aula é uma do tipo Ale de trigo (weiss), vai ficar pronto só daqui uns dias, está na fase de fermentação.

Agora é juntar coragem (e dinheiro) para pensar em fazer em casa, por mais que seja simples precisa de um aparato mínimo. A única dúvida que me resta: o que irei fazer com mais de 15 litros de cerveja depois? Lembrando que meus colegas de insanidade de cozinha e grupo de apoio pares de cozinha moram tudo longe (ou eu que moro).

Para quem ficou interessando e queira saber mais, outras fotos estão no flickr e segue alguns links:

Curso de Cerveja Artesanal - Londrina/Setembro 2009

E não se esqueçam: aprecie com moderação!

p.s.: é brincadeira a história de grupo de apoio, hein? Era só para ilustrar.

Vitor Hugo

Mestre em Ciência de Alimento, Farmacêutico-Bioquímico e Gastrônomo. Atua como Produtor Gastronômico e Comunicador de Ciência. Criou o PratoFundo para ser o portfólio de gastronomia e ciência.

Fez ou tem uma dúvida sobre a receita? Comente!

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5 Comentários (Deixe o seu!)
  1. Paulo:

    Esta é uma das artes que eu adoraria ter me dedicado.

  2. Cassia Calil:

    No livro do Harry Poter… eles comemoram com uma cerveja leitosa.

    Essa “imagem” me lembra uma cerveja maravilhosa servida na Baden Baden de Campos do Jordão.

    Ela tem aspecto leitoso, e como é de fermentação fresca, tem aroma e sabor inesquecíveis.

    Deve ser muito bom produzir a própria cerveja. É viver sempre em festa!

    Parabéns pelo post!

  3. Lau Verrengia:

    Vitor, eu adoro cerveja! O processo todo de fabricação deve ser muito interessante mesmo.

    Eu também adoro fazer pães, com fermento natural, claro. É gostoso ver tudo se transformando com o passar dos dias e depois ver o resultado final. :)
    Eu adoraria preparar minha própria cerveja se fosse mais viável.

    15 litros de cerveja? Haha. Da pra fazer muita festa. rs

    Beijos!

    (Te linkei no meu blog, ok?)

  4. Joyce Galvão:

    Oi Vitor,

    Acho que aqui fica mais fácil de explicar.
    primeiramente adorei o post, acho que fazer cerveja é uma arte tão significativa como o vinho, e talvez ele esteja tomando as vezes da “bebida à mesa”.

    Hoje, no Estadão, caderno do Paladar, temos um brinde com várias indicações de cervejas. Vale muito a pena você olhar depois no site do jornal.

    Sobre o que comentamos no twitter… ou melhor, o que você comentou no twitter, que o seu professor, e pessoas “não-estudadas” conseguem enxergar que a cerveja é um pão líquido, eu concordo plenamente. Afinal, os ingredientes são os mesmos, porém com técnicas diferentes, mas não foi por isso que comentei o que comentei.

    Na verdade, no maior tom de brincadeira, e devido ao que a chef comentou posteriormente eu te enviei aquela mensagem. Mas não me leve a mal, talvez por eu me dedicar muito a esse tipo de “gastronomia” eu fique um pouco chateada quando a gastronomia molecular é um pouco mal falada, e acreditando que você também é um interessado [ou até defensor] achei que iria entender meu recado.

    Parabéns pelo blog e pela dedicação com a gastronomia.

    abraços

  5. Joana:

    Onde foi o curso, Vitor? Achei um ótimo investimento :o)