França proíbe uso de Termos de Origem Animal para produtos veganos e vegetarianos

França Proíbe Uso de Termos de Origem Animal para Produtos Veganos e Vegetarianos por PratoFundo.com

A França aprovou (em abril de 2018) uma medida que proíbe o uso de termos associados com produtos de origem animal para descrever produtos de base vegetal. Como assim?

As empresas segmentadas em produtos veganos e vegetarianos que fabricam substitutos vegetais como: carne vegetal, linguiça vegetariana, bacon sem carne, queijo de castanha e afins não poderão mais utilizar estes termos em embalagens para descrever estes produtos.

A proposta foi sugerida pelo deputado Jean Baptiste Moreau que (olha o choque) é fazendeiro e defende que estes termos podem levar os consumidores ao erro. A proposta foi baseada em uma decisão de 2017 da Justiça Europeia (atrelada à União Europeia) referente para derivados de leite: termos como queijo, leite e manteiga só podem ser usados para produtos de origem animal (EUR-Lex: 62016CJ0422).

O viés do político é combater alegações falsas para que os produtos sejam descritos corretamente e que termos como queijo e steak sejam reservados apenas para produtos de origem animal. As empresas que não seguirem a nova regra podem ser multadas em até €300 mil euros.

Algumas fontes sugerem que esta medida é ação de lobby para tentar frear o crescente mercado de produtos alternativos de origem vegetal que encontrou um nicho disposto a comprar.

Enquanto outras, também veem como uma maneira de impedir mudanças na língua francesas com novos termos e palavras, principalmente, se forem estrangeiras-inglesas.

O posicionamento é um tanto questionável, porém analisando de uma maneira generalizada e do ponto de vista de marketing existem empresas que usam os termos de maneira equivocadas que realmente podem levar o consumidor ao erro. Costumo dizer: não é mentira, mas não é toda a verdade.

Linguiça de Tofu por PratoFundo.com

Por exemplo, já fui em comércio que atende este nicho vegetariano e vegano, e pedi um prato que dizia ter queijo vegetal de castanhas. Até aqui tudo bem. Eu já os conhecia, mas não tinha provado ainda.

O detalhe foi que ao chegar o pedido era… uma pasta/creme de castanhas, e não um queijo. E sim, gente, queijo de castanha fica parecendo (visualmente) queijo. Não foi o caso. Eu realmente me senti enganado, uma pena.

Tendo como base a mudança de laticínios de 2017, o mercado não viu um impacto tão grande assim. Ou seja, os consumidores continuaram a comprar mesmo assim os produtos. O exemplo é para o leite de soja (soy milk) que virou bebida de soja (soy drink). E algumas empresas queriam mesmo se distanciar de produtos lácteos. Então, é uma via de duas mãos.

A pergunta que fica: será que essa decisão irá virar um precedente e vai se difundir para outros países?

[via The GuardianESIndependentRetail Detail]

Vitor Hugo

Mestre em Ciência de Alimento, Farmacêutico-Bioquímico e Gastrônomo. Atua como Produtor Gastronômico e Comunicador de Ciência. Criou o PratoFundo para ser o portfólio de gastronomia e ciência.

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7 Comentários (Deixe o seu!)
  1. RENATA ANDRADE DE CARVALHO:

    Utiliza-se popularmente a expressão “carne” de coco. O leite de aveia Davene existe há décadas. E quando inventaram o correio “eletrônico”, não houve questionamento. Existem dezenas de outros exemplos. A língua se adapta aos tempos e a mudança vem sempre para simplificar (e não complicar e confundir). O veganismo é uma nova ética e a França se mostrou retrógrada ao aprovar esta lei. Minha opinião.

  2. Carla:

    Quanto à pergunta: Espero que sim. Estou plenamente de acordo, não só pela questão de conduzir ao erro, mas simplesmente porque sempre acreditei que é errado dar nomes estabelecidos para definir produtos de origem animal a produtos vegetarianos/veganos. No Brasil, por exemplo, temos uma onda de pães de queijo que são feitos de qualquer coisa menos queijo, mas recebem esse nome por causa da textura, e os “brigadeiros” sem chocolate/cacau e leite condensado. Se fosse ao contrário diriam que é desrespeito, apropriação, etc. É como a resposta da Rita Lobo ao pedido de receita de “maionese” de iogurte sem ovo, não é maionese. Que criem nomes originais para os novos produtos.

    1. Vitor Hugo:

      Tudo envolve a semântica, né? hahahahha Mas se a gente for ser bem ao pé da letra, o próprio pão de queijo seria errado, pois tem mais mandioca do que queijo, hahahahaha XD

      1. Carla:

        Pelo menos tem queijo… hahaha…ha…ha… E que eu saiba todo ‘pão de …’ tem mais farinha do que o ingrediente que dá o nome, não? ha…

      2. Vitor Hugo:

        Sim, hahahah Viu como é complicado esse paranauê todo? hahahahha XD

  3. Yuri gomez:

    Oi Vitor.
    Entendo o porquê e até filosoficamente dá para concordar… mas como entendemos, associamos por forma e usamos os produtos ficará bem difícil hein? Kkk
    Tofu até dá. .. As pessoas sabem que é “queijo” de soja…
    Mas e a salsicha vegetal , steak…. ? Nós vemos no formato da coisa e na sua aplicabilidade na comida e associamos. Vejo essa mudança como “preciosismo complicador

  4. Yvis:

    Oi Victor tudo bem?
    Super concordo com a França e acho que demorou para essa mudança. Sempre acho que esses termos levam a confusão se o produto tem ou não ingrediente animal. Leite é animal e não vegetal. Manteiga não é margarina e nem creme vegetal. Tenho certeza que podemos denominar os produtos sem confusão e sem prejudicar o marketing. Um abraço.